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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Serenata da Lua

Ao caminho que se aguça
A sombra que se dilata
Despede-se da noite e se debruça
Ao lado da estrela que se alegra
E faminto que assim seja, a lágrima que se escorre
É do ardor da volúpia que sua fonte a alteia
Da pureza clara de sua face, me devaneia
É calma e febril, que se destoa
Me leva, me bole, até os últimos prantos
Anoitece a alma, o olhar pede socorro
Se ouve o lumiar da escuridão
O aflige do coração
Se apaga a lua num breu total e assim eu faço
Um renascer de flor no canto do espaço

terça-feira, 26 de abril de 2011

Adeus

Essa vida que se afoga
Que se alastra por seus caminhos
É arredia, é arisca, é sobra de vida
Pois só a caminha, quem já foi caminhado

Despeço-me das dores, pois elas já não valem mais apena
Despeço-me do beijo, porque ele não está mais entre nós
Despeço-me da carne, já que essa se solidificou
Despeço-me do chão , pois este ja se sucumbiu

A nuvem que abre em um céu noturno
É mágica e pura forma do coração
Numa escuridão de rancor
Abrindo-se numa imensidão

E assim termino minhas despedidas...
Despeço-me do ventre, pois este já está sujo como o dia
Despeço-me da luz, já que essa só apaga minha alma
Despeço-me da morte, porque até ela já morreu
Despeço-me do coração, já que este não bate mais dentro do peito

terça-feira, 19 de abril de 2011

Aos cantos e a caminhos

Pela a rua em que me desço, vejo perto o horizonte
Caminha pela a fonte, abraça forte as trovas que vinham dizer o porquê de ter vindo
Viveria calmo pela cruz que protegia
Se banhava todo dia, sim, pois não constante aquele verso se fazia
Aborrecia aqueles tolos, bobos, adormecia...

As pazes dos sentidos acontecia
Acreditava que as pessoas eram como flores em um jardim
Murchavam, para depois de um cair d'água abroxavam
Sumia como o vento, aparecia como a dor
Era vivo, sem valor...

De onde era aquela lágrima que tornava a chorar a cada palavra
Um vulto de lucidez, uma cálida manhã de outono, nos traziam respostas
O turno continuava! Belo, voráz e perspicaz, ainda por cima!
Sofria toda a noite com a sua beleza arredia

Bridavam mortes de paixões, era triste, porém consciente de sua tristeza
Eram caminhos a serem cruzados, eram cantos a serem amados
Era da alma que a força era ouvida
Eram dos olhos que o amor era sentido

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Carência

Tanto me faz bem, aquele amar
Aquele olhar distante, sem fronteira
Sem barreira, sem limites.. O luar
Aquela brisa que passa derradeira

A esperança do futuro mais belo
Da beleza completa e das mãos unidas
Do oceano inundado de mar em uma noite que espero
De sombras iguais e almas fundidas

Tanto me faz a falta do som ao ouvido
Da lágrima alheia junto aos meus olhos
Daquele horizonte sumindo
Das palmas unidas e os dedos em laços

Ah... faz falta um sorriso bem verdadeiro
Uma alma completando meus anseios
Tanta falta de um calor que abala até os poros
Tanta falta faz "eu te amo" ao invés de um "até logo"

Espero, porque a vida é esperar
De nada vale um coração vazio
Porque a solidão é o mal da alma
É como um vento sem arrepio

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Constatação

Passo a passo, de cada pedaço.
Vejo o medo atrás da porta, e o que faço?
Como ando? Como vejo? Será que é lúdico e lúcido?
Distante da paciência de um abraço, bebemos o que fazemos do dia.
Torrencial, segue o raio da beleza viva.
Aquela que acolhe os inimigos do riso, os sem vontade de amar.
Amar-lhe-ei sempre... E as pálpebras? Por que o sonho torna a voltar?
Dos que correm atrás do vento, sem consentimento da estrela e no momento só, é a luz!
Aquela que ilumina a rua, os santos, as cruzes, os cantos... E de nada valeu apena o suor!
Pois a corrente é continua, o vinho ainda é bebido a cada refeição ou não?
Somos feitos de mel e areia, pois somos doce iguais a ele e leves iguais a ela...
Somos vivos, perdidos aqui. Naquilo que dizemos ser o lar. Um mal lar ou simples como uma alma vagante.
E nado nesse mar de almas, de vidas a esmo, de luxúria errante e num berço constante de versos...
Belo, seria a água ardente, o fogo frio, o nada em borbotões e a multidão inóspita!
Que a sombra renasça do chão e ilumine os amores vivos e não deixe frio, aqueles que não sabem ainda amar.
E as flores, quem as desenhou?...
Eu? Não, eu não! Eu apenas as pinto, conforme a minha felicidade!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Sombra do Vento

Era tarde.... A folha descia pelo orvalho
A solidão do relento, era vil
A noite se desenhava em retalho
Perto de mim, nada... Apenas a sombra, leve e sutil

E a noite caía no meu colo
Eu caminhava pelo vento e ouvia pensamento
A lua amava e eu a ninava
Depois do amor, só o encantamento

O verso sobrou e a noite caminhava ao amanhecer
Mas antes disso, o beijo virá
Pelos os dois de mãos dadas, a sombra desmentirá
O recanto dos ombros acolherá

Que a sombra os recolha
O verso ainda é verso
A noite que nos voa
O vento que nos fale
E o beijo que nos mate