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domingo, 23 de setembro de 2012

À Primavera


Passa semana... Repassa
Me transborda, me refaz e me deixa beija-flor
Voo de menino, para ver rosa
As rosas... Dando adeus
E Deus, sobre tudo, dando a água
Para nos brotar
Primavera!
Época da felicidade, época de ver os sorrisos e mãos abertas
De debruçar nos galhos e ameaçar o horizonte
De andar pelas nuvens, e cortá-las, como se podando a felicidade
E ter amor, e ser amor pela eternidade
Sabendo que as folhas que caêm lhe dizem o porque do coração
Se o amor se vai, nos trazem outro em forma de botão.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Meu Pai


Mais dos que vivera e assim estar
Mais do que tivesse e por enquanto
Eu ia, até aos montes
Até o Eden para vê-lo
Porém, não sabendo chegar lá
Fazia colheita de pão
Caminhava atrás da saudade, da saudade que nunca tive
Sou pobre, sou contente, e ele ausente
Só seus olhos,já me deixariam felizes
Mas seus olhos não existem,dentro de meu peito
Meu peito já se foi; não creio que exista
Pois qualquer passo para vida dei de mim mesmo
E a esmo de qualquer ausência
Gosto dos carinhos e da ternura
Gosto das doçuras e eternidades
Porém gosto mais da felicidade
que no meu peito habita
Se meu pai nele não existe
Quem saiba exista em outra vida.

Sonho Meu


A irmã de meu amigo, era a prima
Prima de minha tia, tia que um dia se foi
Dela nasceu Maria, que hoje regressou
Maria é mulher da vida, mulher errante, sem papas, sem cheiro
Ela trouxe João, cunhado, e confidente
O amor não veio em sua bagagem, outrora ela jogara fora, junto a seus sapatos
Sapatos esses, já andados, já abertos como suas bocas
Em suas línguas, estavam o passado de onde vivera

Hoje todos moram, em uma vila pequenina
Uma vila de nuvens, onde os céus são pisados a todo instante
Nossas estrelas estão alí, nos penduramos entre elas
E o arco-íris, esse já não escorrega mais os sonhos
Muros altos, são erguidos aos montes
Não nos vemos. Somos vizinhos de nós mesmos.
E os anjinhos, debruçados, jogavam chuva sobre os olhos amados
A irmã de Maria, em outra vida, foste João, lhe chamou para dançar
Dançaram até raiar, até ouvir, até rasgar a névoa
E dos sapatos ausentes, perdidos, no horizonte viveste
Caminhando só, como um andarilho celeste.

Confidência de um Amor


Oh poema que me deres, me desejaste
Oh translúcida vazia, do corpo imóvel
Vazia como alma, como carne penetrante
Bolia as pápelbras em um medo profundo
Que até os póros do orgulho hão de haver
Subindo a pele inútil, plástica e tórrida
Feliz ao descaso de viver
E até os passos, ainda ensaboados, caminhavam nus pela areia das faces
E as sombras, irmãs legítimas, nas mãos se davam como altar
Em toda forma, se desfazia como amor
Não se tinha forma, como coração
Não se tinha medo, como oração
Era alvo de retinas, preciso como ar
... eu respirava, ofegante, em um escafandro
E nadando a navegar, sob agonia
O infinito era meu norte, meu sul era alegria
Meus dedos, acusavam
Meu amor como poesia.