Páginas

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Invasão dos Sonhos

Dessa pútrida calma latente
Um cume de sombras perpétuas
Se flagelam em uma pálida corrente
De nuvens infinitas e negras
De gestos de mão pro ar
Nos tornaríamos sem gestos pro além
Deitado nessa poça maligna
Enfestada de tristeza e enxofre
De almas selvagens e rudes
Onde flutuavam algumas folhas de um verso
Que falavam: "nada de mim, se torna vivo, só a morte poderá ser a eterna vida"
E eu chorava alagando mais essa poça tórrida
E depois dos úivos do meio-dia
Só se escutavam clarões em mangues desertos
Onde só viviam os umbrais dos sonhos exclusos
E abriria se a porta dos pensamentos macabros
E de lá, sairia virgens enroladas em velcros
Cobertos de nuvens pálidas do amanhecer
E da noite a sangria desatou
O verso se delatou
A morte se confessou
A vida desnorteou
E a chuva transpareceu
O que essa áurea sinistra tinha escondido
E que demais uma rosa, um lótus suou
O orvalho carente se deu em paz
E passando e passando sozinho
Fugiria desse laço jamais

Nenhum comentário: