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domingo, 26 de junho de 2011

O Tempo

Dentre as mil e uma variações do tempo
Cada um detém a sua
É um trezentos e sessenta na roda da vida
É aquele que determina quando chegar e aonde ir
É o que brota as estações e as emoções dentro de nós
Nos evita cair em sensações contínuas e prostrantes
É sinuoso e linear conforme sua manhã
Porém, sempre se mantém o mesmo para todos
O tempo que demora uma folha cair ao chão, será o mesmo do beijo à próxima boca
É leve e distante do horizonte e tão perto do longe passado
Gira a cada passo e compasso e vira retrógrado conforme o espaço
O cronômetro da vida que regula das noites, às auroras é vil e suado
Retém as mais fortes paixões em um segundo delirado
Vira e revira, horas, minutos, segundos... Até milésimos
Leva e traz amores conforme sua vontade, ficamos à sua mercê
Em um ritual permanente e pasmo dia-a-dia
Em vão, torna-se a luta contrária
Pois ele se mantém operante e inócuo, para quem o segue constante
Sem erro, sem atraso e com vida eterna
Nos carrega em uma brisa sem fim, leve e silenciosa
Apenas nos controla quando quer
E nós achamos que o controlamos. Inútil.
Às vezes transparece ser rápido e outras segue seu marasmo
Até o final do dia e começo da noite
E para sempre e até o final presente em nossas mãos
O tempo se torna nosso parceiro, fiel e justo
Numa linha corrente, caída no chão

terça-feira, 21 de junho de 2011

Amor

Se torna um vício profundo e permanente
Amar, é mais do que a compreensão do mundo moderno enxerga
Ele é visível apenas atrás dos olhos
É iluminado pelo espelho do obscuro
Se torna tão passageiro e derradeiro falar de algo que confude dos mais sábios ao total ignorante
Porém, essa ignorância se torna tão eloquente dentro nós mesmos que já nascemos sabendo do que ela se trata
É algo tão fantástico, maior do que qualquer objeto concreto do universo, e quiçá abstrato
Vivemos na base do amor, é nossa essência, nosso cheiro, nosso costume, nossa melancolia
Nos alimenta a cada olhar, cada toque, cada gota de suor despejado na pele d'outro
Todavia, é preciso saber amar. Já diziam os poetas. Doma-lo é difícil e controlá-lo é impossível
Podemos amar à uma pedra do mesmo jeito que amamos uma lua, ou uma mulher, ou uma mãe... Mas de formas diferentes
Mas vai saber o porque... Cada um tem o seu, cada um o molda de acordo como sua alma manda... É algo assombroso até...
Porque se pensarmos, o que será isso que sentimos de tão forte, mas não sabemos da onde vem, de que canto de nós mesmos surge a sua razão?
Mas ta ai o segredo... Se soubéssemos não teria a graça que tem, nem a pureza que exige. Se soubessemos da onde viria nos a trataríamos como algo real e banal, algo puramente humano
A saudade é ruim, a solidão é arrasadora, a loucura é sub-humana... Mas a traição de um amor é a união promíscua de tudo isso! É uma dor que vai da carne ao pensamento, da razão aos poros, da mente ao coração
Viver sem amar é a solidão total, é um corredor sem luz jamais... Eternamente será um breu nefasto
A carne que não sente um toque amado e uma alma que é ímpar
Morrerá crua e desfeita banhada em fel... Quem sabe nem a morte terá a fome de surpota-la

domingo, 12 de junho de 2011

Lembranças

Tão alegre como um alvorecer
Se via um olhar ardente e descaído, assim derradeiro
Um amor como deve ser
Sempre presente, destúa-se dos demais
A calmaria em uma constante presença
Voava sobre as nuvens
A via como uma alma ímpar
Porém par com a minha
De mãos dadas com meus sentimentos
Caminhava sobre seus cílios
Escorregava em um infinito mel
Doce, suave como sua pele
Assim numa volúpia que abraçava até meus póros
Esse amor se destígue no olhar
Nem sob faces alheias se tornava curvo
Era como um dia com luar
Alegre, rico, louco
Simples, e fácil de explicar
Apenas num sorriso vazio e terno
E apaixonantemente por amar

Fato Consumado

Lá pelas tantas... Eu ouvia um sussurro
Um leve assobio me chamando para o canto
Era meio triste, como um choro
E alegre como um frevo
Às vezes sútil me deixava ressabiado, porém sempre curioso
Sombrio como uma alma vagante, me tentava em compassos descompassadados
Assim seguia me trazendo até uma infâme solidão que aqui me segurava
Não poderia imaginar seu rosto
Porque jamais a tinha visto tão de perto, depois de uma alegria tão inebriante como foi
Assim... me segurei em meu lugar e não fui até ela
Abri a página de um livro e espantosamente ela não se completava
Pois então percebi que meu coração é que estava inacabado, obscuro, retrógrado
E olhei para frente... Bem la na frente. E assim, consegui enxergar o que todos tentam observar
Que o nosso amor é tão noturno como correr em um corredor escuro sem saída
Sem volta, sem perdão, até que a morte nos separe.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Alma Branca

O vento rajava pelo vidro... Era noite
A manhã não tardava acontecer
O berço se desfazia ao amanhecer, a agonia
Ela levantava e caminhava numa cantoria
Saía pela porta fora, uma correria
Às vezes devaneia, outras sorridentes, outras coloridas, nunca tristemente
Sempre bebia a agonia que de fora a fora caía
Mas assim não sabia, para onde seu pranto sempre rolaria
Se de dentro para fora ou de fora para dentro, numa calmaria
Sempre ornamentada, era firme, coesa, como a lua
Entre seus olhos só se via a fragilidade nua
Que se desvaia por sua pele até ser rechaçada, assim crua
Como vento que levava até o alto de seu pólo
Era afagado eternamente em se colo
Não tão macio, porém casto como o dia
Que adormecia por sua vez em uma sombra que fazia
No altar da melancolia, era encoberto pela véu que ludibria
Até o mais sublime trovador em um raio de uma emoção contínua
Serena, límpida e festiva como o carnaval que se desfazia
Atrás daquela moita, ainda assim permanecia a folia
Mas era tão rasteira que jamais se via
Só quando olhos paravam de chorar
E a pálpebra ainda molhada se enchugava nas suas
No passar de duas nuvens brancas
Alegres e infinitamente puras