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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Ter caminhos

Como, às vezes, no escuro
O teto se torna chão
o chão um outro muro
Pulo o que resta,
me sobra ventos
Tenho distâncias, não sei diminuí-las
Sei aumentar meu coração para que ele chegue perto, escondido,
infinito
Até onde ele não precisa ter fim.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

O Homem e sua Procura

Abre-se um pequeno feixe, e a luz, concisa
entra e permanece na vista
"cego", o homem se levanta, tenta responder
e não querendo, responde:
apenas passos
vai até o espelho, à água, ao norte
bebe daquela água, escova seus espelhos; renasce
o homem é para o dia o que o nada é para vida; tudo
Continua às formas, às máscaras, às radiações
o homem se alimenta e finda a carne
bebe o leite que o servem, corta o pão como se cortasse estrelas
Ele continua a viver
Veste sua roupa, aquela que um dia se foi
Permanece nu por dentro,
a roupa que necessita, não se compra em qualquer esquina
Vai à rua, e escolhe alguém para o seu coração
Seu coração decide; e lá se vai para mais um perdão
Pois ele não carece de perda, nem de não
O que vale para ele, é apenas, mais um dia ao lado - d'um outro coração -.

Agora; para sempre

Sinto silêncio, aqui dentro
e sem forma, me desvendar
Encontrar seu silêncio, num par
e formar um par sem voz; olhares
É saber que todas as vozes não existem, e a sua, já se transformou em outra.


E a voz permanece sem calar. Te amo S2
O que nos mata na vida são as necessidades por obrigação, as formas exatas, os instantes que não vemos, um dia de sol não aproveitado. Nossa rotina se baseia no peso dos dias. Tem horas que a vida se torna tão concreta que nem um amor faz bem, mas há diferenças, o ser humano é incrível! Permanece sempre uma vontade de amar, caminhar num dia de sol, desfazer as formas e desobrigar as necessidades, porque no fundo o que queremos é viver sem ter a responsabilidade da vida.

Ter

Todo dia, temos meio dia
Meia tarde, meia noite
Todo dia, temos menos vontade
menos ideia, menos lembranças
Todo dia, temos menos certeza,
menos acertos, menos bobagens
Temos na vida, a vida segura, que de segura não há nada
Todo dia, temos menos céu, menos oxigênio, menos terra para pisar
Mas, contudo, não é exato isso tudo
Podemos, ao menos, todo dia ser isso tudo e inteiro
Pois podemos ser menos vida, porém, nunca, menos amor
Ao mesmo tempo que o homem escuta, ouve sua vida passar
Ele torna-se também passagem
Escuta quando passa, não apenas, sua passagem
Sábio aquele que ouve seu caminho, e confia em seus ouvidos ao pular de um abismo.