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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Face de Mulher

O que te vales mulher?
Aonde deitas mulher?
Na lua fria, que é desfeita mulher?
Por mais que passe em tormentas
E tenhas beijos que esquentas
É tão fácil, que lhe cuspo
Te bulino, sem graça do sorriso
Te fascino em horas momentâneas
Te arrepio em segundos sexuais
E porque não vales cada olhar?
Porque és fria, mulher!
És uma mulher nua, apenas
Não que seja ruim, mas sua nudez
Chegaste antes de meu desejo
Sua carne já estás banhada
No sangue d'outro
E tão louco talvez, prefira às guardadas
As que não deitam em qualquer chão
As que sabem dizer o "não" na hora certa
E o "sim" ao momento exato
Pois são essas que me encantam
Porque deixam toda beleza e a alma
Não só a carne, expostas no coração

Atrás da Porta

E bem de vagar que comece o dia. São horas altas, tristes enfim....
Que brotem olhos, desfaçam mólhos e apalpem solos
Que a dança seja feita sem música, e pelo ato de dançar
Verei suas pernas no altar
Altar de anjos, de luzes a esmo, de barcos solitários
Na imensidão do pacífico pesadelo
Eram calíbres altos, que sangravam nuas formas altivas
Se embebedando de salivas exclusas no canto da boca da noite
Eram bebéries andando pelo deserto de suas costas
Até chegarem à nadegas postas, a uma mesa fria e exposta
Eram carinhos alados, maldições promíscuas a cada lado
Eram solidões perpétuas e distantes, que só viam suas pontas de dedos, encostar suas portas
Distintas faces, porém rubras maçãs refletidas em seus glóbulos, antespostos pela saudade
Saudade essa, que era o fel da alma, o breu da noite, à profundeza do oceano
Eram poeiras não varridas, que açoitavam-se de baixo do tapete de tua sombra
Eram chaves descobertas, fechaduras entreabertas, portais de amores sem volta
Mas com toda dor era possível escalar até seus pensamentos
Eclípticos, submissos e socorridos, por um vento ausente, perdido por suas próprias brisas.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Grão de Areia

Por mais simples que assim seja
Tão serena e naufragada
Em meu cais estão suas docas
De sua pele tão amada

É tão triste que seduz
E tua sede tão ausente
Permanente em tua carne
Que tua lágrima se desfaz

Um silêncio breve em tua areia
Que sua sombra multiplica
É tão mansa a tua praia
Que nem sua alma me explica

Foi tão leve e sorrateira
Que meu sonho despertou
E foi correr atrás da vida
E em sua alma ele chegou

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Olhos Morenos


E de modo que assim seja
E pelo visto, como deve ser
De toda forma e qualquer beleza
Seria com tanta poesia e prazer

Olhos nós não vemos e sim sentimos
Às danças não dançamos, a poetamos
Os versos são feito a vida
Rimam conforme a felicidade

Por mais que abuse seus ouvidos
Escute, pois música é coração
Igual uma certa poesia
Feita aqui sozinha na escuridão

A verdade existe somente quando a sentimos
Nenhum de nós escondemos segredos
Quando as palavras negam, os olhos mentem
E quando mentirem, meus olhos saberão dizer a verdade não dita.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Nascimento


Uma ignorante alma
Que dizia para onde iríamos
Porque nos vemos
E o que não sabemos
Um volumoso olhar
Que ouvia meus anseios
Me lavava em seus seios
E me fazia ir embora, em total nostalgia
Deixando para lá, meus olhos tão amados
Imagens obscuras pela conveniência da alegria
Onde suas faces a mutavam, mas meus olhos continuavam iguais
Febris com tanta luxúria, minha calma e alva pele
Se desfazia em borbotões lacrimais
Meu céu era o horizonte inabalado
E meu chão o espaço inalcançado
Eram veias e vertentes oblíquas conforme o tempo
Eram luas derradeiras após as luas passageiras
Luas tão companheiras que se deitavam no meu colo, à beira-mar
Das estrelas tão decadentes, até vidas cadentes, o meu ser, era seu alvo
Do amor cuspido e escarrado dos sonhos inféis dos "castos"
Minhas obras desciam pelos pêlos, até a ponta de meus dedos
Os surrando de uma tal forma hipotérmica, e jamais lépida
Jamais viria vida de uma outra forma, a não ser com os mesmos olhos
Que um dia olhou aquela lua tão altiva
Mas os olhos ainda estavam lá, mas a fase era uma constante fantasia
Mutante de seu próprio sentimento