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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Fêmea e o Macho

Que fostes tu, o dia
Até que chegaste à tarde
Bebia à noite, apalpava estrelas
Que fostes tu, à vida
De triste, apenas seus ouvidos
Mascarados em purezas rebeldes
Que fostes tu, só minha
E de minha costela lhe daria um suspiro
Minhas hortas, tão férteis, bebeste
Da água tão rica, comeste
Todo o pudor que pudeste querer
De tua sombra, lágrimas de orvalhos
Secavam em retalhos, sob a mesa posta
És o pão de cada dia, trabalhaste em lua fria
Foste o perdão da eterna agonia
O perdão sem esperança que até o tempo cansa de perdoar
Sua carne, já putrefata, me entorpece
Seus olhos, mesmo amados, me enlouquecem
Sua irmã, tão mais velha, me adormece
Sobre seus travesseiros tão fartos
E seus seios... Na noite, nos quartos
Suspirava até exalar o seu suspiro
Sentia tua respiração tão ofegante
Tua boca, a cada hora mais amante
E em seus olhos, tão loucos, os meus olhos alegres e errantes

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