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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Calmaria

O mar secou atrás da porta
Abriu-se para fora
Vinha vendaval
Correndo... Vinha-se, o vendaval
Tremendo... Dizendo que era dia de ficar em casa
E nós, correndo, tendo a cama, como arca, escondendo
Toda a agonia e o argumento da felicidade
Mamãe, de voz alta, trazia cobertores
Eram poucos, de fato
Porém, eram todos, para todos
Ela, também aflita, descia até o chão e nos abraçava
Abraço de mãe: melhor abrigo da terra
E pois a terra falava, grunhia, soluçava de raiva
A gente, sem só, em correria, esperava a bonança da chuva
Chuva que caia, lavava o pé da macieira...

Passava o tempo, os pássaros já piavam alegria
No rio, vovó colhia lírio para enfeites
As nuvens, eram só ternura, minhas mãos, mais calmas
Mais doces, mais brandas
Meus olhos espelhavam o infinito, sobre a relva branca que subia
Ao céu destino, de todo orvalho em fumaça
E todo abraço, caminho de todo sentimento em desgraça.

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