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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Vai-te Maria

E vai maria...
Não puder ver, não estive aqui, sou quem tu és,
E lá vai Maria...
Maria da luz, mas a luz apagou
Não mais nas noites, a sombra se foi
Não vivo no lugar, não sou mais teu lugar
Lá se vai Maria, perfumada, vai-te Maria
Não quero água, minha sede cedeu
Não quero a boca, sua voz concedeu
Um palpite qualquer...
Vai Maria, te leves Maria
Seu vestido de seda... Sou agora, Maria
A seda rasgou, a luz apagou, a sombra se foi
Os botões desprenderam, a fome falou
Não queres mais, Maria, não me digas
Vai Maria, Vai Maria
As luvas prenderam, na alma, Maria
Não me tocas mais, Maria
Seja quem tu és, seja verdade,
Seja o que deseja, Maria
Desejas meu beijo, deseja a carne, as pálpebras, as fibras
Deseja que sente, que sinta,  e lhe ponha no colo
Não sou mais àquele, Maria
Sou a mim mesmo, porém não te levo mais, Maria
Vai-te Maria...
Seu abraço não haverá braços, seus ombros despencarão
Sua rosa entornou o botão, sua lágrima acordou a raiz
Brotou o caule, esperança
Me entregues, Maria
A flor de seios fartos, de espinha tênue, de luz exausta
Me perdoe, Maria, sou incrédulo!
Sou ausente, não te mereço
Não te cultivo, o que cultivaste
Minha alma é mundana, é de vidro
Maria, absolva-me de tanta alegria
Pois o que te faz feliz, me entristece
Salve-me de um abismo tórrido, abismo d'alma
Me deixe o sal que sua, molhar-me todo
Lhe tornaste meu peito, que me tornarei seu coração
Me deixe, Maria
Vamos Maria, Vamos...

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