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sábado, 26 de abril de 2014

O Óvulo

Um dia fui para casa, sem saber para onde ia
Fui temendo haver algo a mais, algo que não sabia
Descia ao todo, pelo pacto que formamos
Explorava a inexorável forma de viver, os outros, as aves, a vida...
Não temia -já temendo- o infinito, por ser findo
Observando cada telha, e mais telha, sobre a forma da vida
As casas, os mares, os Afonsos, os Silvas, até a morte
Que separou um casulo, da própria vida

Temia ter razão sobre tudo
Ter vivido tudo o que havia
Ter sentido todos os perfumes da terra
E ter a terra dentro de mim
Como um nódulo de amor
Um câncer, de eternidade imensa, de ser mais infinito até a última estrela

Não basta deixar, há de socorrer os abismos
Entre todas as lástimas: viver, mesmo sendo a primeira, é a única que vale a pena

Ter no ventre a forma de ser vida
Como pólen: germinando a passagem do vento
Sem deixar rastros, só certezas

Sinto saudade, sinto e acuso
todos que a deixaram só
Mas não existe natureza maio, que a vontade de tornar de novo, o novo
de sentir a paz, todos os dias, nos braços da felicidade.

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