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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Arrepender-se

Achei guardado na gaveta das horas
umas ternuras
Feitas de pó, e lembranças
Saltaram como se dançassem
de sapato velho
Pisaram descalças em meu coração
Minha metade, aquela que ama
Se disfarçou de abismo, para não
aguentar o peso das lembranças
Mais fácil era conter aquilo que um dia já falou, e hoje nem respira mais
Mas tenho em mim agora
algo que não cansa
tão sozinho, como nuvem negra
A desabar
Como esperança de bonança
Tenho a chave de uma gaveta
imunda, no canto das minhas palavras
Basta apenas entrar numa alma
que guardei, lá dentro
Na nudez da memória
Pena gavetas não terem memória.