Páginas

quinta-feira, 15 de março de 2012

Medo

Me encontraste em sua alma?
Foste sua, o contraste de minh'alma?
Não mais... Me despindo assim, não posso mais
Fico sem olhos, sem carne, sem berço... Mas não sem alma
Falo da sua, que se tornou carne, um dia, e se virou pra lua
Em um banho de agonia
De ser preso, louco, aflito, por si mesmo
Em querer correr, na ventania de nós mesmos
E o medo, lhe toma, lhe corroe, sucumbi os pêlos
Tens medo do próprio medo
Não sabes se a sombra é o escuro, ou a luz inoperante
Que abandonou o corpo e deitou-se em morte
Não sabemos... Se o abismo é incoerente aos passos
Ou se somos rastros ao próprio abismo
Somos fardos do inconstante, da presença alheia
Se escutamos aos ouvidos, ou bebemos sob os olhos
Alimentando-se de lágrimas, em um corredor de rosas
Sangrando por seus espinhos e se tornando pétalas
Esse abissal pensamento, da vida, de não vivê-la
De querer o vácuo, de querer o vão
Em uma veia inócua, caminhando lentamente
Ao fundo do coração.

Nenhum comentário: