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sábado, 26 de abril de 2014

O Instante

Um dia sinto que existi
Por não mais que um segundo, talvez milésimos
O que importa é que fui matéria
De indecifrável cor
Sentia que podia amar, amar mais do que podia
Só não tinha espaço para os passos
Que entre os dedos escapavam
Que entre as portas, se tornavam estrelas
Não sentia qualquer sentimento
Qualquer abalo sísmico ou circunspecto
Por ser homem: homem que rasteja, sem pedir esmola
Vi que os astros - de esferas- não eram mais do que calos
Soltos em mãos divinas
Não percebia, que de uma lágrima nasceria, com tanta beleza, todas as rosas do mundo
E que por mais que não estivesse descalço
sentia toda erosão, como ácido
derramar fuligem sobre mim
Em total lasso d'alma, me vi obrigado a derreter
me tornar vertigem em meio a multidão
Solidificar, enrijecer no espaço
E ser todo centímetro, em forma viva da hora nua.

Um comentário:

Unknown disse...

Por um instante, a profundeza da alma emergiu-se no raso... Gostei! (: Parabéns a tua alma!!!