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sábado, 4 de outubro de 2014

Confissão do Mesmo

Confissão do Mesmo
E se por algum espaço caminhasse sobre mim mesmo
Se toda matéria perdida, a fome do tempo voltasse
Lentamente por terra
Rastejando sobre um espaço sem tempo
Numa escuridão maior que a vida,
que os sonhos
Não me visse em lugar algum
Não sentisse mais a pele, o tato das pedras
As ladeiras no horizonte, nada!
Se aos poucos, com os pés, tateasse redondilhas
E os corações, não menos pisados, também falassem
E o céu abrisse em uma calma indissipável
Velho e necroso ar respirável
Sinto que meu peito também os abre, entra-me
E desafoga um oceano de abismos
Que no eco se perdeu
Meu acaso, se tornou encontro
Instante do futuro
Olha, escuta, sente as palavras dos pássaros
São nelas que a verdade habita
Na mesma ponte do passar noturno, me vi parado
Um corvo da certeza, sem resposta
Mas como seus olhos demorassem a responder; os vi, como nuvem de chumbo
Atados nos risos que neles, perenes, agradecia
Todas as mãos já erguidas, fazendo os olhos chorar no rajar do vento.

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