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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Cordel Triste

Lá na asa do sabiá, avoa a alma, lampião
Suava moça, cheirava a poça, ouve triste meu sertão
E amargura que salivava, era o passado do ansião
Ninando a sombra, que teimava em dizer não
Sol que dilata, lua platinada, me desculpa solidão
Sonhador, menino que amava, a moça triste de cordão
Ela girava no horizonte e suas lágrimas nuas, semeavam pelo chão
Toda rosa, flor de lótus, desabrochando coração
Eram simples, pés descalços, que choravam violão
Tão distante, lua cheia, era o amor da devaneia
No adeus que acalanteia, foge rio sem paixão
Passa o tempo.. Roda vida, giramundo, giravida
Ranhuram desertas, suas dermes entreabertas
Acodia o novo grito que suspirava o arrepio
Vindo pelo vento, zombando folhas secas e roubando trovas negras
Seus dedos enxugavam poesia, dentro da melâncolia
Debruçava sinestesia, alagando o coração
Tua alma alegoria, de uma volta pela mão
Sua boca devagar, ouve silêncios sem parar
E o amor minguou como a noite sem luar
Abrindo os braços, ecoando
Olhar seco, cansado de chorar.

2 comentários:

Gabi Holanda disse...

Viva o sertão!! Que essas raízes nunca acabem..È lindo essa naturalidade e essa simplicidade do sertão!Que vc como poeta não deixe ajude para isso nunca se perder.. Adorei!:)

Marcos Pontes disse...

Jamais... È a poesia de cordel, e a literatura da terra, sempre mt bonita! =)