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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O Tempo Negro

O homem todo dia levanta
Levanta da própria terra, da própria cama
da imensa casa, da eterna rua
O homem como o dia, renasce da própria terra
Da imensa cama, da eterna casa, da inerte rua
O homem que renasce, volta a imensa terra,
a eterna cama, a inerte casa, a sombra da rua
O homem que volta, não é o mesmo que foi
Ele disse: sou homem, mas não tinha suas idades
O homem que tinha, já foi-se...
O homem que retorna da inerte cama, volta a sua casa
e come a lama, que desceu da rua inefável de entranhas
O homem que se cansa não desiste, é instante e restante
Bebe o que sobra na xícara ao lado da cama
Que volta sob a mulher em chama, que persiste na terna alegria
O homem que vai a lua, escraviza a lua, dedetiza a lua e fica
Não resiste ao homem que dentro da casa, fica, com família e poeira
até a casa, ao pó se eternizar
O homem que se foi, não é o mesmo que ficou
O homem que na porta do sol, bateu, era o mesmo da eternidade
O homem que deita na mesma cama, na imensa sombra, na inerte paisagem
Decide a terra que quer ficar... Bebe da mesma água que a mulher bebeu
Todo homem não desiste, a si mesmo fica a coragem de existir
O homem que não volta, não tem em si mesmo a coragem de nascer, de ser futuro
de ser uma viagem estelar
O homem que do mar se embebedou, me disse: Foste onde, homem cruel?

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